terça-feira, 21 de julho de 2009

Eclipse total do Sol ocorre amanhã na Índia e na China

O eclipse solar total mais longo do século 21 ocorre na próxima quarta-feira (22), e mergulhará em completa escuridão a China e a Índia, os dois países mais povoados do planeta.


O astrofísico norte-americano Fred Espenak definiu este eclipse do Sol como um fenômeno gigante, que poderá ser observado por nada mais nada menos que 2 bilhões de pessoas, um recorde na história da humanidade.
Bruno Miranda -22..set.06/Folha Imagem
Lua cobre parte do disco solar durante eclipse solar visto em São Paulo; fenômeno, que será mais longo, acontece na próxima quarta
O eclipse total do Sol acontece quando a Lua está alinhada entre a Terra e o Sol, o que significa que o astro ficará oculto para os habitantes do planeta que estiverem posicionados à sombra da Lua.
A partir das 06h23 na Índia (21h55 de terça-feira no horário de Brasília), a noite voltará a cair um pouco depois do amanhecer no estado de Gujarat (oeste).
Depois, a escuridão se irradiará por um corredor de 15 mil km de extensão e 200 km de largura, atravessando a Índia, o Nepal, o Butão, Bangladesh, Mianmar e China, e alcançando também as ilhas meridionais japonesas de Ryukyu.
"Será o eclipse mais longo do século. Nenhum de nós viverá o suficiente para ver outro igual", afirmou Federico Borgmeyer, diretor da agência de viagens alemã Eclipse City.
O Sol ficará completamente bloqueado pela Lua durante seis minutos e 39 segundos em uma zona pouco habitada do Pacífico, um recorde de duração para um eclipse que só será quebrado em 2132.
A escuridão, no entanto, durará menos na Índia (entre três e quatro minutos) e em Xangai (cerca de cinco minutos).
Fenômeno
Há pelo menos dois eclipses solares por ano, com frequência parciais: o disco solar parece ter sido "mordido" pela Lua, sem ficar totalmente oculto.
Desde Claudio Tolomeu, no século 2, se pode predizer a data de um eclipse e, desde o século 18, onde ocorrerá. A criação dos computadores simplificou os cálculos que outrora levavam, às vezes, até um mês para os astrônomos.
Se o plano da órbita da Lua fosse o mesmo que o da órbita terrestre, haveria um eclipse do Sol a cada Lua nova. Mas, como a órbita da Lua é ligeiramente inclinada, pode passar no céu por cima ou por baixo do Sol.
O Sol possui um diâmetro 400 vezes maior que o da Lua, mas está também 400 vezes mais distante. Visto a partir da Terra, seu disco é sensivelmente do mesmo tamanho, no entanto com algumas variações.
Como as órbitas da Terra e da Lua não são perfeitamente circulares, as distâncias Terra-Lua e Terra-Sol variam.
A Terra se encontra mais distante do Sol no mês de julho, período em que nos parece menor. A Lua também parece mais ou menos maior segundo sua distância (de 350 mil a 400 mil km da Terra).
Quando o Sol se encontra mais perto da Terra em janeiro e a Lua muito longe para ocultá-lo por completo, um anel de luz solar fica visível: trata-se de um eclipse anelar.
O último eclipse total foi visível em 1º de agosto de 2008, do nordeste do Canadá ao noroeste da China.
Economia e mistificação
O sexto eclipse total do século tomou conta da atividade comercial e turística no Extremo Oriente, a região geográfica ideal para aproveitar este fenômeno astronômico.
O Parque das Esculturas de Xangai, o melhor lugar de observação da cidade, anunciou que vendeu 2.000 entradas para 22 de julho, com óculos especiais incluídos e camisetas comemorativas. Os hotéis estão lotados.
Na Índia, a agência Cox and Kings fretou um Boeing 737-700 que decolará de Nova Déli antes do amanhecer, "interceptará" o eclipse total a uma altitude de 41 mil pés (12,5 mil metros) e voará para o leste, até o Estado de Bihar.
Os 21 lugares do avião do lado do Sol foram vendidos por 1.200 euros (US$ 1.700 dólares).
Enquanto isso, na cidade santa de Kurukshetra, norte da Índia, espera-se a chegada de um milhão e meio de de peregrinos para se banharem durante o eclipse.
Na Índia e na China, os contos e mitologias evocam nos eclipses o anúncio de boas fortunas, mas também de maus presságios.
O eclipse dessa quarta é "um momento muito perigoso no Universo", observe Raj Kumar Sharma, um astrólogo de Mumbai. "Se o Sol, o senhor das estrelas, está doente, então acontecerá algo de grave no mundo", prevê.
Astrônomos e meteorologistas temem principalmente que as nuvens desta época de chuvas de monção no subcontinente indiano arruínem o espetáculo.
Se o tempo estiver bom, assim que o disco solar estiver coberto, o resplender da coroa solar será visível. Será possível observar protuberâncias ou jatos de gás incandescentes --projetados a milhares de quilômetros do Sol.
Mas, se o céu estiver encoberto, a queda das temperaturas e a repentina escuridão serão as únicas manifestações tangíveis do esperado eclipse.



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